O Partido Liberal poderá perder as quatro cadeiras de deputado estadual conquistadas na eleição de 2022. Vai depender do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Ceará, que nesta segunda-feira (15) vai julgar os processos ligados a suspeita de fraude à cota de gênero pela legenda. Se a Justiça considere procedente as acusações, o partido poderá ter todos os votos anulados daquela eleição estadual.
A direção estadual do PL é acusada de ter burlado o número mínimo de candidatas do sexo feminino. Mulheres que foram registradas como candidatas pelo partido negam terem pedido candidatura, sequer fizeram campanha. Ao contrário, nem ao menos votaram em si mesmas, apoiaram outras candidaturas.
Três dessas mulheres prestaram depoimento à justiça eleitoral, o que agravou a situação a situação do PL, especialmente dos deputados Carmelo Neto, Alcides Fernandes, Marta Gonçalves e Dra. Silvana, que podem ficar sem seus mandatos.
Não à toa, o julgamento desta segunda mobiliza as atenções da classe política. Caso todos os votos do PL sejam anulados, o coeficiente eleitoral terá que ser recalculado, o que mexerá na composição das bancadas dos partidos na Assembleia. Por óbvio, há muitos interessados na questão, sobretudo suplentes de diversos partidos de olho nas quatro vagas que poderão se abrir.
Tudo vai depender do TRE. Não é um julgamento fácil. Estão em jogo mais de 400 mil votos digitados nas urnas eletrônicas em favor dos candidatos do PL. Entre os quatro eleitos, inclusive, está os dois deputados mais votados no último pleito, entre todos os partidos: Carmelo Neto (118,5 mil) e Marta Gonçalves (113,7 mil) – esta, esposa do presidente estadual do PL, Acilon Gonçalves..
Ao mesmo tempo, cabe lembrar que a justiça eleitoral tem sido rigorosa quanto as fraudes à cota de gênero. No Ceará, 23 vereadores eleitos em 2020 foram cassados.
O Tribunal Superior Eleitoral também tem sido rigoroso. Que o diga o PL do município cearense de Itaiçaba, que teve a chapa para a eleição de prefeito chapada recentemente.
