Lula se emocionou ao cumprir o último rito antes de tomar posse como presidente da República pela terceira vez, no dia 1º de janeiro de 2023.
Antes mesmo de iniciar a leitura do discurso escrito, de improviso disse que “quem passou o que eu passei nos meus últimos anos, estar aqui agora é a certeza de que Deus existe. Sei o quanto custou, não apenas a mim, mas ao povo brasileiro essa espera para reconquistarmos a democracia nesse país”, para em seguida chorar pela primeira vez.
Natural a emoção para alguém que passou mais de um ano cumprindo uma pena por um crime que ele jura que jamais cometeu, foi dado como acabado politicamente e conseguiu voltar ao poder máximo do país pela força do voto popular.
Porém, Lula é consciente que parte desse mesmo povo, praticamente na mesma proporção dos que o elegeram – o rejeitou.
Sabe também que lágrimas não vão sensibilizá-los.
Enfim, o futuro presidente sabe que a tarefa de reconciliar o Brasil passa necessariamente por uma boa gestão, capaz de se manter distante de escândalos – sobretudo de corrupção – e de devolver a dignidade de quem hoje mal consegue se alimentar.
Não será fácil.
Em 2003, quando tomou posse pela primeira vez, havia desconfiança, mas também boa vontade para com um presidente que finalmente chegava ao cargo depois de três tentativas frustradas e que fez um esforço enorme para desmanchar a imagem de um político radical.
Hoje, até entre os que votaram nele há quem o fez apenas para impedir a continuidade do presidente atual. Primeiro desafio, portanto: fazer boas escolhas para a equipe e começar a gestão com ações capazes de impactar positivamente a opinião pública e, dessa forma, criar um ambiente minimamente civilizado para governar.
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