Por Paulo César Norões
A violência no futebol, mais uma vez, é destaque nos noticiários, evidenciando um problema que transcende as fronteiras dos estádios e está entranhado na sociedade como um todo. O ataque ao ônibus da delegação do Fortaleza por torcedores do Sport Clube do Recife é apenas um entre muitos episódios que ocorrem pelo Brasil, na maioria das vezes protagonizados por membros de torcidas organizadas. É uma realidade preocupante, que suscita debates e indignação, mas que muitas vezes é esquecida até que haja um novo incidente.
A solução para essa questão não é simples e não pode ser atribuída apenas às instituições esportivas. É necessário o envolvimento do Estado brasileiro, assumindo a responsabilidade por medidas efetivas. Exemplos internacionais, como a resposta enérgica do Reino Unido à violência de torcedores violentos – os chamados hooligans – nos anos 1980, mostram que é possível controlar esse problema.
A transformação radical no futebol inglês após a tragédia de Hillsborough – onde morreram 96 pessoas imprensadas nas grades do estádio, superlotado por uma invasão de hooligans – incluiu não apenas mudanças físicas nos estádios, como a introdução de assentos nas áreas mais populares dos estádios, os terraces, mas também uma política de prevenção da violência. A identificação prévia de potenciais causadores de distúrbios e a aplicação rigorosa da lei, com prisões e proibições de frequentar estádios, foram fundamentais para conter a violência.
Países como Alemanha e Espanha seguiram o exemplo britânico e obtiveram sucesso no controle de suas torcidas problemáticas. No entanto, no Brasil, a impunidade e as penas brandas contribuem para a persistência da violência no futebol. A relação muitas vezes promíscua entre clubes e torcidas organizadas agrava o problema.
A questão da violência no futebol é, portanto, uma questão de segurança pública que requer a aplicação efetiva da lei. Para enfrentá-la, é necessário que o Estado assuma um papel proativo, adotando medidas sérias e consistentes, sem tolerância para comportamentos violentos. Somente assim será possível garantir a segurança nos estádios e arredores e combater a cultura da impunidade que alimenta esse ciclo de violência.