Unindo forças e recursos para impulsionar o desenvolvimento de uma economia mais justa e equilibrada e para fortalecer o ecossistema dos negócios de impacto no Brasil, três organizações, a Yunus Negócios Sociais Brasil, a Trê Investindo com Causa e a Somos Um – esta com base no Ceará – criaram um programa de investimentos de impacto social que pretende aportar até R$ 6,5 milhões iniciais em negócios localizados nas regiões Norte e Nordeste que visem desenvolver soluções para problemas socioambientais. No último dia 10 de maio, foi iniciada a chamada para a seleção dos negócios que desejam investimento. As inscrições deverão seguir até 5 de junho.
O objetivo do Programa Zunne é fomentar uma nova rota de investimentos que não gire apenas em torno do Sudeste e democratize não só o acesso aos recursos – no caso dos negócios investidos – mas proporcione a oportunidade de mais pessoas tornarem-se investidoras, considerando valores acessíveis para iniciar o investimento.
Norte e Nordeste no foco dos investimentos
Para Ticiana Rolim, presidente da Somos Um e uma das idealizadoras do Programa Zunne, apesar de serem as regiões mais pobres do País, o Norte e o Nordeste possuem grande potencial empreendedor. “Essas regiões são repletas de pessoas de muita criatividade, resiliência e garra para lidar com todos os desafios impostos pela pobreza. Por isso, acreditamos que trazer esse instrumento para dar oportunidades para empreendedoras sociais, para que elas empreendam e prosperem, ao mesmo tempo em que ajudam a resolver problemas sociais das regiões, é uma grande chave para que a gente possa reduzir desigualdades e acabar com a pobreza. Esse número pequeno de investimentos sociais nas duas regiões precisa mudar”, afirma a investidora.
De acordo com o 3º Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental, estudo realizado pela Pipe.Social, apesar de haver uma equidade de gênero (mulheres estão presentes em 67% dos negócios mapeados e os homens, em 71%), negócios administrados apenas por um time feminino tendem a receber menos recursos financeiros e outros apoios para evoluir na jornada, quando comparados a negócios liderados apenas por um time masculino. Com isso, elas estão menos presentes entre os negócios em fase de escala (25% contra 35%) e são menos aceleradas (20% conseguiram esse apoio contra 32% dos negócios liderados apenas por homens). Quando as empreendedoras são mulheres negras e indígenas esse desafio se torna ainda pior.
Foi a partir dessa percepção que a Somos Um, a Yunus Negócios Sociais e a TRÊ Investindo com Causa se uniram para criar o programa Zunne. “Não adianta só reclamar que não vem dinheiro. Precisamos ter instrumentos para viabilizar que o dinheiro chegue até as regiões. O Zunne foi esse instrumento criado pelas nossas três organizações para viabilizar que o dinheiro chegue no Norte e Nordeste. Justamente para democratizar o acesso aos recursos de investimento, trazer oportunidades para as empreendedoras nortistas e nordestinas. Vamos apoiá-las com mentorias e investimento para que possam prosperar tanto quanto outras regiões e para aquelas que historicamente têm mais dificuldades, possam garantir acesso aos recursos”, completa Ticiana.