*Em 2024, Lula concedeu a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul a Mujica (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai, morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos. Figura central da história recente do país, Mujica foi guerrilheiro, prisioneiro político e chefe de Estado. Em abril, havia revelado o diagnóstico de um tumor no esôfago em estágio avançado, agravado por uma doença autoimune que enfrentava há duas décadas.
Nascido em Montevidéu, em 1935, Mujica entrou para o Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros nos anos 1960, quando o grupo atuava na resistência à crescente repressão política no Uruguai. Foi ferido em confrontos, preso e escapou duas vezes da cadeia. Recapturado em 1972, passou 14 anos encarcerado, a maior parte em regime de isolamento.
Com a redemocratização em 1985, foi libertado por anistia e passou a atuar na política institucional. Fundou o Movimento de Participação Popular (MPP), foi deputado, senador e, em 2005, assumiu o Ministério da Agricultura no governo de Tabaré Vázquez. Em 2010, foi eleito presidente do Uruguai.
Durante sua gestão, promoveu políticas de redistribuição de renda e ampliou o investimento social. Um de seus projetos mais emblemáticos foi a regulamentação da produção e do comércio de maconha, aprovada em 2013. Mujica ficou conhecido pelo estilo austero: dispensava luxos, morava em um sítio e dirigia seu próprio carro até a sede do governo.
Deixou a Presidência em 2015 e retornou ao Senado, onde permaneceu até 2020, quando renunciou por questões de saúde. Nos últimos anos, dedicou-se ao cultivo da terra, prática que o acompanhou por toda a vida. Declarava não seguir nenhuma religião, mas expressava grande reverência à natureza.
Pepe Mujica encerra sua trajetória como um dos líderes mais singulares da política latino-americana, marcado por experiências extremas e decisões de impacto duradouro em seu país.