Eólicas offshore: suspensão nos EUA impulsiona oportunidades no Brasil

Leilão de áreas no mar pode transformar o Brasil em destino preferido de investidores.
Energia Eólica Ofshore

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Foto: Freepik

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de suspender novos projetos de energia eólica, especialmente no mar, reacendeu o debate sobre o futuro das fontes renováveis no cenário global. Enquanto o mercado norte-americano sofre um freio, o Brasil enxerga uma janela de oportunidade para consolidar sua posição como líder no setor eólico, com vantagens competitivas naturais e econômicas que atraem investidores.

O Brasil, que já se destaca como a sexta maior potência mundial em energia eólica terrestre, deu um passo importante para expandir sua presença no segmento offshore. A sanção de uma lei específica para essa modalidade, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marca o início de uma nova fase. O governo planeja realizar o primeiro leilão de áreas no mar ainda neste semestre, um movimento estratégico para diversificar a matriz energética e atrair capital estrangeiro.

Especialistas apontam que a suspensão de Trump pode redirecionar investimentos para países emergentes, como o Brasil.

“A decisão americana interrompe uma rota importante de transição energética, mas abre espaço para que o Brasil se torne um destino atrativo para investidores que buscam mercados promissores e com custos competitivos,” analisa Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica.

A força dos ventos brasileiros
O cenário brasileiro é favorável: o país possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, com forte participação de fontes renováveis. Nos últimos 15 anos, a energia eólica no Brasil cresceu de forma exponencial, saindo de 600 MW em 2009 para mais de 33,6 GW em 2024. Além disso, os ventos brasileiros, especialmente no Nordeste – com destaque para o Ceará -, são reconhecidos por sua alta intensidade e constância, ideais para parques eólicos, tanto em terra quanto no mar.

No segmento offshore, o Brasil já recebeu 98 pedidos de licenciamento ambiental para projetos no litoral, que somam uma capacidade instalada potencial de 234,2 GW. Essa capacidade está distribuída principalmente entre o Nordeste, com 109 GW, e as regiões Sul e Sudeste, com 75,3 GW e 49,9 GW, respectivamente.

Impactos de longo prazo
Embora a migração de capital para o Brasil seja vista como uma possibilidade concreta, o impacto dessas movimentações não será imediato. O ciclo de desenvolvimento de projetos eólicos offshore é longo, levando em média dois anos desde o licenciamento até o início da operação. Apesar disso, a previsão de crescimento para os próximos anos é robusta, com expectativa de que mais 23,2 GW sejam adicionados à matriz eólica até 2029.

Além da atratividade econômica, o Brasil também ganha relevância no cenário internacional com eventos como a COP30, que será realizada em Belém em novembro. A conferência reforça a posição do país como um ator estratégico nas discussões globais sobre energia renovável e sustentabilidade.

Um novo tabuleiro global
A decisão de Trump de frear projetos eólicos offshore nos Estados Unidos reorganiza o “tabuleiro de xadrez” da transição energética global. Países como o Brasil têm agora a oportunidade de ocupar um espaço estratégico, aproveitando não apenas as vantagens naturais, mas também o crescente interesse global por soluções energéticas mais limpas e acessíveis.

Para o Brasil, o momento é de agir com estratégia e visão de longo prazo. A ampliação da capacidade de geração eólica, especialmente no mar, pode ser um divisor de águas na busca por um futuro energético sustentável, enquanto reforça a posição do país como protagonista no setor global de renováveis.

 

(Com informações da Folha de São Paulo)