Foto: Renato Araújo/Câmara dos Deputados
A corrida por uma cadeira no Tribunal de Contas da União (TCU), que será aberta em fevereiro de 2026 com a aposentadoria do ministro Aroldo Cedraz, começa a ganhar forma com a entrada do deputado federal Danilo Forte (União-CE). A movimentação do parlamentar cearense deve esquentar os bastidores da Câmara dos Deputados e ampliar a lista de interessados no posto, cuja indicação cabe à Casa.
Relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 e com trânsito consolidado no Centrão, Danilo tem feito chegar aos colegas que sua idade pode ser um diferencial. Aos 67 anos, caso seja escolhido, permaneceria no tribunal por tempo limitado, até a aposentadoria compulsória aos 75. O argumento, segundo aliados, é bem recebido por quem vê a possibilidade de renovar a vaga em um intervalo menor, evitando um bloqueio prolongado no acesso ao cargo.
A disputa, no entanto, já contava com outros nomes. Os deputados Hugo Leal (PSD-RJ) e Soraya Santos (PL-RJ) demonstram interesse, assim como Elmar Nascimento (União-BA), que abriu mão da corrida pela presidência da Câmara e pode buscar uma compensação política com a vaga no TCU.
Embora ainda distante, a eleição para o tribunal mobiliza articulações de longo prazo. O TCU tem nove ministros: três indicados pela Câmara, três pelo Senado e três pelo Executivo — sendo dois obrigatoriamente oriundos do corpo técnico, alternando entre auditores e membros do Ministério Público junto ao órgão.
A cadeira em questão era apontada como promessa ao PT, dentro do acordo que pavimentou o caminho de Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Câmara. Mas a nomeação de Gleisi Hoffmann como ministra de Relações Institucionais, retirando seu nome da disputa, teria enfraquecido o compromisso, segundo avaliação de parlamentares.
A experiência mostra que disputas anteriores tiveram embates duros. Em 2005, o deputado José Pimentel (PT-CE) foi superado por Augusto Nardes, então no PP-RS. No ano seguinte, Paulo Delgado (PT-MG) perdeu para Aroldo Cedraz, à época filiado ao PFL da Bahia. Ambas as votações foram apertadas e revelaram o peso das articulações internas, mesmo diante de acordos pré-estabelecidos.
A escolha do novo ministro será feita em votação secreta e em turno único, no plenário da Câmara. Até lá, o cenário seguirá indefinido, com novos nomes podendo surgir e o PT buscando manter espaço, apesar da quebra do acordo inicial.
Fora do eixo político, o conselheiro Cezar Miola, do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, também se coloca como opção. Ex-presidente da Atricon, associação que congrega os tribunais de contas do país, Miola representa uma alternativa técnica, embora com menos força nos corredores do Congresso.
A movimentação em torno do TCU confirma o peso político do órgão e antecipa o que promete ser uma disputa marcada por estratégias de bastidor e alianças em construção.