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A política, como dizia Ulysses Guimarães, é a arte de ouvir. E foi ouvindo – com paciência, algum desgaste e uma dose de realismo – que o prefeito Evandro Leitão conseguiu virar uma página sensível em seu início de gestão: o reajuste dos servidores municipais. O percentual de 4,83%, que já vinha sendo discutido desde o início do ano, agora tem destino certo: será pago integralmente na folha de maio, sem parcelamento e, principalmente, sem retroatividade.
A decisão sela um acordo importante entre a Prefeitura de Fortaleza e as frentes sindicais Fersep For e União Sindical, com mediação direta de secretários como Carolina Monteiro (Sepog), Francisco de Castro Júnior (Segov) e Márcio Cardeal (Sefin). A proposta inicial – de pagamento escalonado entre junho e dezembro – foi superada após as críticas dos servidores e a pressão legítima por mais agilidade e valorização. A resposta veio com a antecipação do reajuste, ainda que a reivindicação pelo retroativo a janeiro tenha ficado pelo caminho.
Mesmo assim, o presidente do Sindifort, Eriston Ferreira, tratou de colocar panos quentes, com um discurso que reconhece os limites do acordo, mas enxerga avanço.
“Entendemos que não é o ideal, não é o que a gente esperava, mas que sim, a luta teve sucesso”., avliou Eriston.
O episódio encerra, por ora, uma tensão que poderia ter se prolongado – ou se agravado. E se o reajuste em si não é novo, a forma como foi conduzida a negociação sinaliza o estilo de Evandro: direto, pragmático, com ouvidos atentos e, quando necessário, freio no ímpeto de prometer o que o cofre público não suporta.
A paz firmada agora pode render dividendos políticos e institucionais importantes. Afinal, com quase quatro anos pela frente, manter o canal de diálogo aberto com os servidores será mais do que um gesto de boa vontade – será uma estratégia de sobrevivência.
